Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Em toda profissão, existe uma linha tênue entre a vida profissional e pessoal. Para os engenheiros, essa fronteira pode ser particularmente desafiadora devido à intensidade e à natureza envolvente do seu trabalho. Muitos engenheiros dedicam incontáveis horas para criar, projetar, otimizar e tornar real o que antes era apenas um conceito. Mas talvez, um dos projetos mais importantes que eles enfrentam não seja aquele que está em um desenho de CAD ou em um canteiro de obras. É um projeto contínuo, complexo e requer atenção constante – seu projeto de vida.
A engenharia requer precisão, pensamento crítico, criatividade e, acima de tudo, paixão. No entanto, muitas vezes, a intensidade dessa paixão pode ofuscar o equilíbrio necessário para manter uma vida saudável e realizada. A vida não se limita a esquemas, códigos ou especificações; é um emaranhado intrincado de relações, emoções, experiências e realizações que vão muito além da esfera profissional.
Ao considerar a vida como um projeto de engenharia, pode-se começar a aplicar os mesmos princípios utilizados para criar estruturas, sistemas ou processos ao desafio de construir uma vida plena e equilibrada. A engenharia não é apenas sobre a construção de coisas; é sobre a resolução de problemas humanos. E não há problema maior ou mais complexo do que a construção de uma vida que valha a pena ser vivida.
Começa-se com a definição dos objetivos. O que se quer alcançar em diferentes facetas da vida? Como engenheiro, essas metas podem ser focadas na carreira – talvez seja tornar- se um especialista em seu campo, ou liderar uma equipe de engenharia em um projeto inovador. Mas também podem ser objetivos pessoais – talvez seja iniciar uma família, viajar o mundo ou dedicar-se a um hobby ou uma paixão.
Uma vez definidos os objetivos, o próximo passo é planejar como alcançá-los. Este é o “desenho” do projeto de vida, onde se delineia os passos necessários para alcançar os objetivos estabelecidos. Talvez isso signifique obter uma certificação adicional, economizar dinheiro para uma grande viagem, ou dedicar tempo cada semana para aprender uma nova habilidade. Como em qualquer projeto de engenharia, é importante ser realista sobre os recursos disponíveis, sejam eles tempo, dinheiro ou energia.
A execução é onde o projeto começa a tomar forma. É aqui que se toma as medidas necessárias para alcançar os objetivos definidos. Isso pode ser desafiador e requerer sacrifícios. Talvez seja necessário alocar longas horas para adquirir uma nova habilidade, ou economizar em pequenas coisas para financiar um grande sonho. Mas como qualquer engenheiro sabe, nenhum projeto valioso vem sem seus desafios.
Por fim, a fase de avaliação. Como qualquer projeto, a vida deve ser constantemente avaliada e ajustada. Os objetivos mudam, as circunstâncias mudam, e é importante estar disposto a adaptar-se e ajustar-se para continuar no caminho certo. Não existe um projeto perfeito; sempre há espaço para melhorias e ajustes.
O projeto de vida, como qualquer projeto de engenharia, é um trabalho em andamento. É um processo contínuo de definição de objetivos, planejamento, execução e avaliação. E talvez o mais importante, é um projeto que requer paixão, dedicação e um desejo de construir algo que valha a pena. O maior projeto que um engenheiro pode embarcar não é aquele que resulta em uma estrutura física ou um sistema otimizado. É o projeto de construir uma vida que seja gratificante, equilibrada e plena de significado. Porque no final do dia, o maior triunfo de um engenheiro não é medido pelas coisas que ele constrói, mas pela plenitude da vida que ele vive.
No dia de hoje, 11 de dezembro, saúdo os meus colegas de profissão. Parabéns aos engenheiros e engenheiras, verdadeiros arquitetos do progresso e da inovação! Seu talento e dedicação moldam um futuro mais promissor. Que cada obra seja um testemunho do seu comprometimento!
José Manoel Ferreira Gonçalves é Engenheiro, Jornalista, Advogado e Escritor. O texto acima foi estraído de seu último livro: A Engenharia Merece Mais
