TORNOZELEIRA, DÓLARES E PEN DRIVE

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

O dia em que a máscara caiu

Nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025, o Brasil assistiu a uma das cenas mais simbólicas da história recente: Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, recebendo uma tornozeleira eletrônica determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. A imagem percorreu o país como uma marca definitiva da decadência de um projeto político que, sob a fachada de moralidade, construiu-se sobre mentiras, corrupção e autoritarismo.

Durante a operação da Polícia Federal, autorizada por Moraes, agentes encontraram um pen drive escondido dentro de um ralo no banheiro da casa de Bolsonaro. No mesmo ambiente, foram apreendidos US$ 14 mil em espécie, guardados sem qualquer registro legal. O conjunto das evidências não deixa mais margem para dúvidas: Bolsonaro tentou esconder provas, omitir valores e obstruir as investigações que cercam a trama golpista da qual é figura central.

Além de escandaloso, o episódio escancara o uso estratégico de tecnologia avançada inovação para alimentar a desinformação em massa, manipular redes sociais e arquitetar ataques às instituições.

Alexandre de Moraes: firmeza contra o caos institucional

A cada novo ataque à democracia, uma resposta à altura tem vindo do Supremo Tribunal Federal, especialmente na figura de Alexandre de Moraes. Longe de se render às pressões da extrema direita, Moraes tem conduzido com rigor e equilíbrio o enfrentamento jurídico ao núcleo golpista liderado por Bolsonaro.

Foi ele quem determinou hoje não só o uso de tornozeleira eletrônica, mas também novas quebras de sigilo, apreensões e investigações sobre possíveis conexões internacionais do esquema. Moraes tornou-se o principal bastião da legalidade constitucional brasileira. Seu papel, neste momento histórico, vai além das decisões judiciais: ele representa a resistência institucional à barbárie.

Com base em dados obtidos via perícia e inteligência digital, a operação revelou o uso sistemático de tecnologia avançada inovação por parte da rede bolsonarista, inclusive com softwares originários de consultorias norte-americanas — algumas das mesmas que atuaram nas campanhas de desinformação de Donald Trump.

Trump e Bolsonaro: clones do autoritarismo moderno

Não é coincidência. O que Bolsonaro fez no Brasil segue fielmente o manual usado por Donald Trump nos Estados Unidos: atacar o processo eleitoral, mobilizar milícias digitais, negar derrotas, inventar teorias conspiratórias e flertar com rupturas institucionais. O Brasil apenas tropicalizou o trumpismo — com todos os seus vícios, escândalos e delírios de grandeza.

Enquanto Trump enfrenta processos nos EUA por tentativa de subverter as eleições de 2020, Bolsonaro agora é alvo de ações no STF por tentar sabotar as eleições de 2022. Ambos transformaram a mentira em método e o caos em estratégia. Mas a democracia — apesar de ferida — está reagindo.

A cooperação de grupos de extrema direita, com uso de inteligência artificial, aplicativos clandestinos e manipulação de dados, conecta diretamente as duas figuras. E prova que o perigo não é isolado — é global e estruturado.

A Justiça começa a virar o jogo

O cenário desta sexta-feira vai marcar o imaginário nacional por muito tempo. Não por espetáculo, mas pela gravidade. Um ex-presidente cercado por provas, monitorado por tornozeleira e encurralado por sua própria rede de mentiras. A retórica de falso patriotismo finalmente cede lugar à dura realidade dos fatos.

A atuação decisiva de Alexandre de Moraes e das instituições brasileiras precisa ser valorizada. É graças a essa resistência institucional que o Brasil ainda pode sonhar com reconstrução, justiça e reparação. A impunidade não pode mais ser regra.

Estamos testemunhando o início do desmonte de uma máquina golpista que operou com dinheiro vivo, arquivos escondidos e tecnologia avançada inovação. E que só foi possível porque contou com a omissão — e muitas vezes a cumplicidade — de setores que agora também precisam responder por seus atos.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador e presidente da FerroFrente e da Associação Água Viva. Em 2018, fundou e passou a coordenar o Movimento Engenheiros pela Democracia (EPD), criado a partir da convicção de que a engenharia, como base material do desenvolvimento nacional, deve estar a serviço da democracia, da ética e da justiça social.

Declaração de Fontes: “As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas.” Foram utilizadas informações atualizadas de Agência Brasil, G1, UOL, Estadão, CNN Brasil, CartaCapital, Folha de S.Paulo e The Guardian.

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