*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
Governador de São Paulo é citado
O cenário político nacional voltou a estremecer com a menção do nome de Tarcísio de Freitas em um dos inquéritos mais sensíveis do Supremo Tribunal Federal: o que investiga os bastidores da tentativa de golpe em 2022. A declaração partiu de Jeffrey Chiquini, advogado de Filipe Martins — ex-assessor de Jair Bolsonaro — durante audiência no STF.
Segundo o defensor, tanto Martins quanto Tarcísio estiveram no Palácio da Alvorada em momento compatível com a reunião em que teria sido discutida a chamada “minuta golpista”. Trata-se de um documento que previa medidas extremas para subverter o resultado das eleições presidenciais daquele ano. A fala do advogado inflamou redes sociais e provocou reação imediata do ministro Alexandre de Moraes.
Minuta golpista abala campanha presidencial
De acordo com as investigações da Polícia Federal, o conteúdo da minuta incluía ideias autoritárias: intervenção nas instituições, prisão de ministros e decretação de estado de sítio. Embora muitos neguem formalmente a autenticidade ou validade legal do documento, os investigadores apuram indícios de que houve articulação entre militares, políticos e civis próximos ao ex-presidente.
Tarcísio, até então fora do foco direto da apuração, viu seu nome surgir em um momento delicado. Mesmo não sendo oficialmente investigado, sua simples citação por um advogado em plena audiência no STF gerou desgaste imediato. Nas redes, a expressão “#tarcisiogolpista” tornou-se um dos assuntos mais comentados, polarizando ainda mais o ambiente político.
O governador, que vem construindo uma imagem técnica e moderada com vistas à eleição presidencial de 2026, agora precisará lidar com a sombra de uma possível vinculação a uma tentativa de ruptura institucional. A resposta ao ofício que será encaminhado por Moraes ao governo paulista pode definir os próximos passos de sua trajetória política.
Minuta golpista abala campanha presidencial
Embora ainda sem provas documentais que sustentem a acusação, o impacto simbólico da fala do advogado já foi suficiente para elevar a temperatura política. A oposição aproveitou para reforçar a narrativa de que o bolsonarismo operou, nos bastidores, uma tentativa deliberada de subverter o regime democrático.
Analistas apontam que esse novo capítulo enfraquece Tarcísio entre os eleitores de centro e fortalece movimentos contrários à sua candidatura presidencial. No entanto, a base mais ideológica do bolsonarismo tende a interpretar os acontecimentos como perseguição jurídica e midiática.
Moraes, por sua vez, sinalizou que não permitirá acusações sem provas no âmbito do STF, mas admitiu a necessidade de esclarecimentos formais, ampliando o alcance das investigações. A eventual comprovação da participação de Tarcísio no encontro da minuta pode abrir caminho para responsabilizações políticas e jurídicas mais severas.
O que pode vir a seguir
Enquanto a Polícia Federal segue aprofundando as apurações da Operação Tempus Veritatis, figuras políticas próximas ao antigo governo permanecem sob escrutínio. O caso de Tarcísio de Freitas mostra como a linha entre lealdade política e envolvimento jurídico pode ser tênue — e perigosa.
Se houver confirmação documental ou testemunhal sólida sobre sua presença na reunião, o governador pode se tornar réu e ver ruir seu projeto nacional. Caso contrário, a narrativa pode ser controlada, mas não sem sequelas. A disputa eleitoral de 2026, de fato, começou antes da hora — e já com ataques diretos às estruturas democráticas.
*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador e presidente da FerroFrente e da Associação Água Viva. Em 2018, fundou e passou a coordenar o Movimento Engenheiros pela Democracia (EPD), criado a partir da convicção de que a engenharia, como base material do desenvolvimento nacional, deve estar a serviço da democracia, da ética e da justiça social.
Declaração de Fontes:
“As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas, incluindo Revista Fórum, CNN Brasil, Metrópoles, Wikipédia, Diário do Centro do Mundo e registros oficiais do STF.”