José Manoel Ferreira Gonçalves
Corinthiano engenheiro, advogado e jornalista
A sorte de um bom emparelhamento
O sorteio da Copa do Brasil trouxe para o Corinthians um adversário que, no papel, representa uma oportunidade rara. O Atlético Paranaense vive um momento difícil, disputando a Série B e ainda figurando mal na tabela. Nesse cenário, é inevitável reconhecer que a sorte esteve presente no emparelhamento. Se é certo que sorte não ganha jogo, ainda mais certo é que sem ela a vitória se torna improvável.
A história do futebol mostra que sorte, competência e dedicação andam juntos. Ter caído contra o time considerado mais fraco atualmente dá ao Corinthians um respiro estratégico. Porém, como ensina o próprio campo, é preciso muito mais do que estatísticas para transformar a vantagem inicial em resultado.
Realce realce na torcida
Além do adversário teoricamente acessível, outro ponto que joga a favor do Timão é a possibilidade de decidir a vaga em casa. O fator casa não se resume a conhecer o gramado, mas sim a contar com a força de uma massa apaixonada. E no caso do Corinthians, trata-se da torcida mais bonita do Brasil, reconhecida nacionalmente por seu espírito empático e progressista.
Nesse sentido, vale lembrar as palavras do mestre Gilberto Gil:
“Não se impaciente, o que a gente sente, sente
Ainda que não se tente, afetará.”
Ou seja, o que esquenta o coração do torcedor interfere diretamente no jogo. Porque gera a vibração coletiva que move o time, que empurra a bola para dentro, que intimida o adversário e que transforma noventa minutos em um espetáculo de pura entrega.
Quando emoção vira combustível
A energia que nasce da arquibancada não se mede em números. Ela pulsa no canto, vibra no batuque e corre pelas veias de quem está em campo. Gilberto Gil também lembrou:
“Não se incomode, o que a gente pode, pode
O que a gente não pode, explodirá – O afeto é fogo e o modo do fogo é quente
E de repente a gente queimará. A força é bruta e a fonte da força é neutra
E de repente a gente poderá…”
Essa chama invisível é capaz de mudar o destino de uma partida. É nela que a equipe deve se apoiar para transformar a vantagem do sorteio e o apoio em casa em um caminho real até a final. O “Realce realce” da emoção coletiva pode ser justamente o detalhe que separa uma boa campanha de mais um título histórico.
Rumo à festa e à taça
O Corinthians tem nas mãos todos os elementos para avançar: sorte no sorteio, mando de campo na decisão e uma torcida que, quando inflamada, torna-se mais que um décimo segundo jogador. Mas, no futebol, cada lance carrega sua dose de incerteza, e apenas empenho total poderá transformar essa chance em glória.
Como talvez diria Gil, “alçar é levantar, é pular. Realce é verbo imperativo: volte a pular, a comemorar mais um campeonato” é possível. Basta que sorte e suor andem lado a lado, para que no fim o Timão levante a taça e a Fiel realce, exploda de alegria.
*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador e presidente da FerroFrente e da Associação Água Viva. Em 2018, fundou e passou a coordenar o Movimento Engenheiros pela Democracia (EPD), criado a partir da convicção de que a engenharia, como base material do desenvolvimento nacional, deve estar a serviço da democracia, da ética e da justiça social.
Declaração de Fontes:
As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de acompanhamento do sorteio oficial da Copa do Brasil, dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e histórico recente de desempenho dos clubes na Série B.