RESPEITO E FUTURO AMEAÇADO

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Uma decisão que fere a base e o propósito social do esporte

A recente decisão do Sport Club Corinthians Paulista de encerrar o alojamento das categorias de base gerou perplexidade e indignação. O clube, que historicamente se autodenomina “do povo”, parece ter esquecido a essência que o consagrou. Em nome de uma economia milionária, o Corinthians optou por desestruturar o alicerce humano que forma seu futuro: os jovens atletas. É, sem dúvida, que falta de respeito com os atletas jovens, que precisam também estudar, se alimentar, descansar e sonhar.

O impacto humano por trás dos números

Segundo informações divulgadas por fontes ligadas ao clube, o objetivo é reduzir custos, com uma projeção de economia superior a R$ 3,6 milhões por ano. No entanto, a medida ignora o impacto direto sobre meninos de 14 a 18 anos que, sem o alojamento, terão que enfrentar longas distâncias, transporte precário e uma rotina exaustiva entre treinos e estudos. Muitos vêm de famílias humildes e dependem integralmente da estrutura do clube para permanecerem na capital paulista.

O alojamento não era apenas um dormitório, mas um espaço de aprendizado, segurança e socialização. Cortar esse suporte é, em essência, cortar a esperança de dezenas de jovens que viam no futebol um meio legítimo de ascensão social.

Clubes que valorizam a base colhem frutos duradouros

Outras agremiações de ponta mostram o caminho oposto. São Paulo, Palmeiras, Athletico-PR e Fluminense mantêm estruturas modernas, onde escola, psicologia esportiva e nutrição andam lado a lado. Esses clubes compreenderam que formar atletas é também formar cidadãos. Não é coincidência que revelem talentos e mantenham equilíbrio financeiro.

Ao abdicar desse investimento humano, o Corinthians corre o risco de enfraquecer seu futuro esportivo e institucional. A médio prazo, a economia imediata pode se transformar em prejuízo técnico e de imagem.

Uma escolha que distancia o clube de sua identidade

O Corinthians sempre se orgulhou de representar o trabalhador, o estudante, o jovem que luta por oportunidade. No entanto, a decisão recente mostra o oposto: um clube que se distancia de sua base popular e adota a lógica fria do mercado. Que falta de respeito com os atletas jovens, que precisam também estudar, pois são justamente eles os responsáveis por manter viva a chama do “time do povo”.

O caminho possível para conciliar finanças e inclusão

Economizar é legítimo, mas há caminhos alternativos: parcerias com escolas, programas de bolsa, incentivos fiscais e apoio de patrocinadores comprometidos com o esporte social. Cortar o alojamento é a solução mais simples – e a mais cruel.
Clubes formadores devem equilibrar responsabilidade financeira com compromisso humano. Afinal, o verdadeiro legado do futebol não está apenas em títulos, mas em vidas transformadas.

Reavaliar valores antes que seja tarde

A diretoria corintiana precisa refletir sobre o tipo de instituição que deseja construir. Se o clube do povo não proteger seus jovens, quem o fará? Mais do que economia, o momento exige empatia, responsabilidade e coerência com sua história centenária.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é Engenheiro Civil, Advogado, Jornalista, Cientista Político e Escritor. Pós-doutor em Sustentabilidade e Transportes (Universidade de Lisboa). É fundador e presidente da FerroFrente e da Associação Água Viva, coordenador do Movimento Engenheiros pela Democracia (EPD) é um dos fundadores do Portal de Notícias Os Inconfidentes, comprometido com pluralidade e engajamento comunitário.

Declaração de Fontes: “As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas, como o portal Meu Timão, Globo Esporte, UOL Esporte e declarações de profissionais ligados à formação de atletas.”

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