Privatização da Água: Crime Oculto

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Privatização da água: a miragem da eficiência

A privatização do saneamento básico, vendida como panaceia para todos os males do setor, revela-se, na prática, um engodo com consequências devastadoras. Em vez de eficiência e qualidade, o que se observa é um aumento descontrolado das tarifas, uma deterioração dos serviços e, o mais grave, uma orquestrada campanha de desinformação para encobrir crimes ambientais hediondos.

Estudo revela o manual de crimes ambientais

Um estudo recente, divulgado na Nature Water, expõe as táticas obscuras adotadas pelas empresas privadas de água na Inglaterra. As companhias, seguindo o manual da “Mentira Verde”, minimizam os impactos da poluição causada pelo despejo de esgoto não tratado, transferindo culpas e manipulando informações para escapar da responsabilização. Desta forma, as empresas de água e esgoto, com o objetivo de aumentar seus lucros, não hesitam em colocar em risco a saúde pública e o meio ambiente.

A repetição de táticas de grandes poluidores para encobrir crimes ambientais

A pesquisa demonstra que as empresas privadas de saneamento recorrem às mesmas estratégias utilizadas por grandes poluidores, como a indústria do tabaco e dos combustíveis fósseis, para manipular a opinião pública e influenciar as decisões governamentais. A comparação entre as nove principais empresas de água e esgoto da Inglaterra e 28 táticas de greenwashing revela que 22 dessas táticas foram adotadas para deturpar informações, desacreditar pesquisas científicas, minimizar a gravidade da poluição e atrasar ações corretivas.

O caso Sabesp: um prenúncio do desastre privatizador

O Brasil, infelizmente, não está imune a essa realidade. Em São Paulo, a privatização da Sabesp, imposta pelo governo estadual, ignora os alertas de especialistas e dos trabalhadores do setor. Os primeiros sinais já são alarmantes: contas de água nas alturas e um futuro incerto para a qualidade da água e do saneamento. Logo, o que se vê é a lógica implacável do lucro acima de tudo, onde a exploração da população e a destruição ambiental são habilmente disfarçadas por campanhas de marketing enganosas.

Em defesa da água como direito fundamental e repúdio aos crimes ambientais

A Água Viva, em consonância com o Sintaema, com voz firme e combativa, denuncia que a privatização da água não entrega o que promete, o contrário é que observa. O saneamento, um direito fundamental de todos, não pode ser transformado em mercadoria nas mãos de corporações que operam sem transparência e responsabilidade. Portanto, a luta contra a privatização da água é uma luta em defesa da vida, da justiça social e da preservação do meio ambiente.

Declaração de Fontes:
As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir do artigo “Water firms use Big Tobacco tactics to deflect blame for pollution, study claims” do The Guardian, do estudo publicado no periódico Nature Water e de informações do site do Sintaema.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá.

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