Medida ajudaria a combater o ataque aos trens que transportam soja para o Porto de Santos
Os ataques constantes aos trens que transportam soja para o Porto de Santos vêm provocando prejuízos financeiros e risco à vida de trabalhadores das concessionárias dos transporte ferroviário e os moradores próximos das ferrovias da Baixada Santista. Apesar que apenas 0,16% da malha ferroviária administrada pela Rumo ficar na região somente em janeiro aconteceram 45% dos crimes por aqui.
José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Ferrofrente, destaca que vem alertando há tempos sobre os riscos pelas ferrovias do País. Ele cita a necessidade urgente da regulamentação da Polícia Ferroviária Federal. ” Há um projeto de lei no Senado Federal, mas não há nenhuma articulação para que seja regulamentada a atividade importantíssima da Polícia Ferroviária. Não há regulação a respeito do assunto. Uma polícia com um plano de carreira, com cargos de agentes e de inspetores. Não há uma ação firme no setor. As empresas terceirizadas de carga, que são as concessionárias, não têm verdadeiramente se preocupado com isso. É preciso organizar patrulhamentos preventivos, planejados com ação de inteligência de segurança, usar tecnologias para a redução não só das perdas e dos furtos, mas também para cuidar da imagem. A quem interessa invadir faixa de domínio? A quem interessa furtar carga na calada da noite? Isso não tem sentido. Outra coisa. Vigilante particular não pode fazer segurança pública. Então é preciso com urgência haver a regulação da atividade que é fundamental para trazer segurança e paz a todos que utilizam nossas ferrovias”, afirmou o engenheiro. Citou também a falta de políticas públicas para redução de perdas e furtos, mas sobretudo uma política pública para preservação da vida das pessoas, da integridade do sistema.
José Manoel lembrou também que existem omissões graves da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “É uma agência decorativa. Continua alheia a tudo. Cabe ao Senado Federal demitir todos os que estão lá e que vêm do governo anterior. É preciso refazer a ANTT. Falta coragem, capacidade de comunicação e convencimento e ações integradas para solucionar os problemas”.
Ele afirmou que produtores, trades e as concessionárias precisam fazer funcionar a coisa certa. “Em 2020, caíram pelas estradas mais de 1,5 milhão de toneladas de soja. Isso é pouco, mas é muito para quem passa fome. Também existe aí um bom volume de milho. Percentualmente é 1,2 % da produção de soja e 1,3% do milho, sendo R$ 3 bi e R$ 1,5 bi respectivamente, são perdidos. É muito dinheiro, mas é pouco quando se pensa no valor imaterial, nas perdas humanas que pode representar”, declarou.