*Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Carnaval no Guarujá: Celebração Histórica e Contemporânea
Como cidadão e presidente da AGUAVIVA, encaro o carnaval não apenas como uma festa, mas como uma instituição cultural fundamentada em séculos de tradição, que oferece aos povos, por intermédio de governos e inclusive instituições religiosas de todas as eras, a oportunidade de expressão e celebração coletiva. No Guarujá, um município rico em cultura e história, o carnaval deve ser não apenas vivido, mas também avivado e elevado em seu valor cultural. Ele representa um momento em que a comunidade se une numa alegria contagiante, uma experiência vivida por muitos como um direito inalienável.
Responsabilidade Cultural: A Voz da AGUAVIVA
Contudo, vivemos hoje um ponto de inflexão, onde tal celebração entra em conflito com a preservação de nossa herança cultural. Como exposto em um documento oficial apresentado pela AGUAVIVA, vem à tona a preocupação com o “BARBAFEST GUARUJÁ”, um evento previsto para ocorrer nas dependências do Forte Itapema, patrimônio histórico de imenso valor. Este emblemático monumento, datado do período colonial e localizado no distrito de Vicente de Carvalho, caracteriza-se como um marco cultural e um fator fundamental na identidade de nosso município.
Preservação Histórica versus Festejos Modernos
O carnaval é uma manifestação de liberdade, no entanto, a liberdade não pode existir sem responsabilidade. A AGUAVIVA busca assegurar que o legado e os valores intrínsecos ao Forte Itapema sejam mantidos intactos, sublinhando que certos espaços históricos exigem um cuidado especial durante eventos de grande magnitude. Como manifestado no documento oficial dirigido ao IPHAN, questões cruciais devem ser levantadas: os planejadores do evento entregaram um pré-projeto que garanta a preservação histórica? Quais os procedimentos para garantir a segurança estrutural da edificação e a salvaguarda do patrimônio durante o evento?
O Compromisso da AGUAVIVA com o Futuro Cultural
A AGUAVIVA se posiciona firmemente quanto à necessidade de diálogo e ação imediata para conciliar as festividades com a preservação histórica. O valor de eventos como o carnaval e o “BARBAFEST GUARUJÁ” é reconhecido, mas não pode, sob nenhuma circunstância, suplantar ou colocar em risco o patrimônio histórico. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é chamado a cumprir seu papel essencial como guardião da memória e da integridade cultural, assegurando que qualquer atividade desenvolvida no Forte Itapema esteja em pleno alinhamento com os princípios de conservação.
Transparência e Democracia em Defesa da Cultura
Por meio de um apelo ao IPHAN e à sociedade, a AGUAVIVA sublinha a importância da transparência total, da participação democrática e da promoção dos direitos difusos dos cidadãos. A cultura, a história e a memória da cidade de Guarujá são patrimônios insubstituíveis da comunidade, e preservá-los é um ato de respeito às gerações presentes e futuras. Nem a animação do carnaval nem o entusiasmo que acompanha eventos contemporâneos podem nublar esse compromisso.
Encontrando Equilíbrio para o Legado do Guarujá
Feliz é a cidade que pode saborear a alegria do carnaval sem sacrificar os monumentos que contam sua história. O debate em torno do “BARBAFEST GUARUJÁ” projeta uma mensagem maior de conscientização e reflexão para os cidadãos do Guarujá. É uma oportunidade para reconhecer a importância de proteger os espaços que nos conectam ao passado enquanto avançamos pelas sendas do futuro, buscando um terreno comum onde celebração e conservação possam coexistir em harmonia. A AGUAVIVA compromete-se a manter essa visão viva, mantendo o carnaval do Guarujá como uma força vital e positiva na comunidade, sem nunca esquecer que somos, todos nós, portadores e guardiões de um legado inestimável.
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Fontes de dados usadas: O artigo foi elaborado com base em informações contidas no documento da AGUAVIVA e na legislação pertinente à preservação de patrimônio histórico, bem como princípios de responsabilidade cultural e o papel do IPHAN.