No contexto da inusitada visita de Bolsonaro a Embaixada da Hungria em Brasília vale levantarmos as alarmantes similaridades entre os projetos políticos de Jair Bolsonaro e Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria. Orbán, no poder desde 2010 e reeleito quatro vezes, implementou uma série de medidas que corroeram a democracia húngara e serviram de modelo para a extrema direita global, incluindo o bolsonarismo no Brasil.
As principais similaridades são:
1. Guerra cultural e hiperpolitização do cotidiano:
Assim como Bolsonaro, Orbán se utiliza da guerra cultural como estratégia para polarizar a sociedade e mobilizar sua base de apoio. Isso se dá através da hiperpolitização de temas como gênero, sexualidade e religião, criando um clima de constante antagonismo e divisão.
2. Nacionalismo exacerbado e euroceticismo:
Orbán se apresenta como um defensor ferrenho da identidade nacional húngara, frequentemente em oposição aos valores e princípios da União Europeia. Essa postura encontra eco no discurso de Bolsonaro, que também flerta com o nacionalismo exacerbado e demonstra desconfiança em relação a organismos internacionais.
3. Ataques à imprensa e controle da mídia:
Orbán, ao longo de seus mandatos, minou a liberdade de imprensa na Hungria. Ele favoreceu a mídia alternativa alinhada com seu governo e, através de contratos de corrupção e compra de empresas de comunicação, silenciou vozes críticas. Essa estratégia de controle da mídia também é observada no Brasil, com Bolsonaro e seus apoiadores frequentemente atacando e descredibilizando veículos de imprensa independentes.
4. Desmoralização do legislativo e ataque ao judiciário:
Durante os governos socialistas que antecederam sua volta ao poder, Orbán adotou uma postura de oposição feroz no legislativo, buscando paralisar o governo e desmoralizar as instituições democráticas. Uma vez no poder, ele promoveu mudanças na constituição e no sistema judiciário, incluindo a aposentadoria compulsória de juízes da Suprema Corte, permitindo a indicação de aliados e garantindo decisões favoráveis a seu governo. Essa estratégia de ataque às instituições democráticas também é uma marca do bolsonarismo.
5. Controle do ensino superior:
Orbán implementou medidas para controlar o ensino superior na Hungria, chegando a expulsar a Universidade de George Soros, um importante centro de pensamento crítico. Essa ação demonstra o seu interesse em controlar o discurso e a produção de conhecimento, sufocando a dissidência e o debate acadêmico.
Em resumo, as similaridades entre Bolsonaro e Orbán são preocupantes e indicam um movimento global da extrema direita que visa minar a democracia, controlar a mídia e o sistema de ensino, e promover uma agenda social conservadora e nacionalista. É fundamental que a sociedade esteja atenta a essas estratégias e se mobilize em defesa das instituições democráticas e da liberdade de expressão.
*José Manoel Ferreira Gonçalves [https://www.linkedin.com/in/jose-manoel-ferreira-gonçalves/](/)
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