*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
O avanço do mar tem se tornado uma preocupação crescente no litoral de São Paulo, afetando diversas praias e comunidades costeiras. A elevação do nível do mar, impulsionada pelas mudanças climáticas, resulta na erosão costeira, impactando ecossistemas e ameaçando infraestruturas.
Erosão Costeira no Litoral Paulista
A erosão costeira é um fenômeno natural que ocorre nas áreas costeiras, intensificado por ações humanas e mudanças climáticas. No litoral sul de São Paulo, o avanço do mar provoca a perda de áreas de praia, afeta a vegetação de restinga e coloca em risco edificações próximas. Estudos indicam que o nível do mar subiu cerca de 20 centímetros desde os anos 1950, um aumento significativo que agrava a situação.
Praias Mais Vulneráveis ao Avanço do Mar
Diversas praias no litoral paulista estão sob ameaça devido à erosão costeira. Entre as mais afetadas estão:
- Ubatuba: Ubatumirim, Barra Seca, Itaguá, Praia Grande, Fortaleza e Maranduba.
- Caraguatatuba: Tabatinga e Massaguaçu.
- São Sebastião: Enseada, São Francisco, Pontal da Cruz e Baraqueçaba.
- Ilhabela: Perequê e Itaguaçu.
- Bertioga: Itaguaré e São Lourenço.
- Guarujá: Pernambuco e Astúrias.
- São Vicente: Gonzaguinha e Capitão.
- Itanhaém: Praia de Itanhaém.
- Peruíbe: Guaraú.
- Iguape: Itacolomi, Jureia e Leste.
- Ilha Comprida: Praia de Ilha Comprida.
Essas áreas enfrentam riscos significativos de serem engolidas pelo mar, afetando comunidades locais e ecossistemas.
Medidas de Contenção e Desafios
Para mitigar os efeitos da erosão costeira, diversas cidades do litoral paulista têm adotado medidas como a construção de muros de contenção, instalação de barreiras submersas e preservação da vegetação de restinga. Por exemplo, em Mongaguá, estão sendo construídas muretas com fundações profundas para resistir à força das ressacas e marés. Em Santos, foram instaladas geobags na Ponta da Praia, resultando em um aumento de 8,9 centímetros na altura da areia na área protegida.
No entanto, essas soluções enfrentam desafios. A construção de muros, por exemplo, pode ser insatisfatória a longo prazo, e projetos de alargamento de faixa de areia, como o de Balneário Camboriú (SC), são vistos com cautela devido a possíveis impactos ambientais. Além disso, a falta de recursos financeiros tem levado à suspensão de projetos, como ocorreu em Ilhabela, onde o alargamento da faixa de areia foi interrompido devido à queda na arrecadação de royalties do petróleo.
Perspectivas Futuras
As projeções são preocupantes. Estudos indicam que, se nada for feito para conter o aquecimento global, cidades como Santos podem perder até 5% de sua área habitável até 2050. A ONG Climate Central alerta que, caso o nível do mar continue subindo, Santos corre o risco de desaparecer até o final do século. Essas previsões destacam a urgência de ações efetivas para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger as comunidades costeiras.
Em suma, o avanço do mar no litoral paulista é uma realidade que exige atenção imediata. A implementação de medidas de contenção, aliada a políticas públicas eficazes e à conscientização da população, é essencial para preservar as praias e garantir a segurança das comunidades litorâneas.
Declaração de Fontes
As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas, incluindo estudos do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Instituto Geológico do Estado de São Paulo e reportagens dos portais Metrópoles e A Tribuna.
*José Manoel Ferreira Gonçalves é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com ampla trajetória na defesa de causas fundamentais, incluindo transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Fundador da FerroFrente, iniciativa que promove o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá.