Operação Escudo: Entre o Combate Ao Crime e a Violação de Direitos

Compartilhe:

Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Currículo: https://bit.ly/3U8Ltol

A Inquietação da Baixada: Segurança ou Supressão?

Na Baixada Santista, a espinhosa questão da segurança tem sido uma fonte de angústia. O augúrio da Operação Escudo se inverte: onde se esperava um escudo protetor da lei, sente-se os golpes da truculência. A condução do Governador Tarcisio de Freitas e das lideranças locais é absolutamente questionável: paira a sensação de que o rigor escolhido ultrapassou em muito a medida. O aumento estatístico nas mortes causadas pela Polícia Militar durante a operação evidencia não apenas a persistência, mas o crescimento da violência – uma evolução inversa à paz desejada.

Operação Escudo: Estatísticas e Questionamentos

A métrica de sucesso de tal operação, poderia ser argumentada, é inversamente proporcional à dignidade preservada: a morte de cidadãos pelas forças policiais eleva-se, sem trazer a sensação de segurança ou justiça. E então, o que resta? A percepção de que o combate ao crime se transformou em combate aos direitos? Não se pode generalizar, claro. No seio da polícia muitos ainda brilham, mas como como uma nesga de trigo dourado em meio a um farto joio.

Defesa dos Direitos e Impunidade

Os direitos humanos, tão arduamente conquistados e estabelecidos como pilares de nossa civilização, permanecem na berlinda. Espera-se das forças que defendem a lei o respeito irrevogável à dignidade do ser humano. No entanto, denúncias ecoam, acusando a Operação Escudo não só de ineficácia, mas de ferir direitos fundamentais. O clamor de familiares das vítimas não se baseia em estatísticas frias, mas no sangue quente derramado de maneira prematura e, por vezes, sem a devida justiça.

A Responsabilidade ao Alcance das Autoridades

Neste cenário, fica a pergunta sobre a responsabilidade das autoridades. Governador e prefeitos, enquanto gestores das políticas de segurança, detêm o poder – e o dever – de assegurar que a proteção à vida e à liberdade seja inabalável. A tarefa não é a de enviar para as ruas um esquadrão de ímpeto exacerbado, mas sim, uma força que coíba a ilegalidade sem se tornar a própria face da violação da lei.

A Reação Social e a Procura por Alternativas

Por mais espessos que sejam os problemas, sempre surgem respostas da sociedade, cuja vitalidade repousa na eterna busca pela correção de rumos. Esse é o pulsar da democracia. Após o balançar das estruturas pelo impacto da Operação Escudo, surgem vozes que não clamam pelo silêncio, mas pela justiça, clamam por abordagens que transformem não só o policiamento, mas a própria concepção de segurança comunitária.

Paz Almejada: Realidade ou Utopia?

Por fim, o horizonte da Baixada Santista há de refletir os contornos de um lugar onde a lei protege e não oprime. Onde as políticas públicas não são meras palavras no papel, mas práticas que emancipam. Para tornar real essa visão, é mister que cada parte assuma seu papel: o Estado com políticas humanizadas, o policial com um espírito de proteção verdadeira e a sociedade como guardiã vigilante de seus direitos.

***

Fontes de dados usadas: As informações aqui apresentadas baseiam-se em dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) e em relatórios de organizações sociais e de direitos humanos atuantes na Baixada Santista, bem como na investigação jornalística e no acompanhamento contínuo dos desdobramentos da Operação Escudo e suas repercussões.

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email