O Planejamento Urbano Começa Pela Questão Sanitária

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Todo planejamento urbano parte de um tripé essencial, que orienta o desenvolvimento das cidades em suas dimensões mais fundamentais. Este tripé inicial é composto pelas questões sanitárias, funcionais e econômicas, nesta ordem, formando a base para um crescimento ordenado e sustentável. A partir dessas premissas, outras dimensões se integram ao longo do processo, garantindo uma abordagem mais ampla e inclusiva.

1. Saúde: A Base Sanitária do Planejamento Urbano

Cuidar da saúde pública é o ponto de partida para qualquer intervenção urbanística. Sem saúde não há vida, sem vida não há urbe. A infraestrutura sanitária, composta por sistemas de abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, e gestão de resíduos sólidos, não só previne doenças como também assegura um ambiente urbano habitável. Sem uma base sanitária sólida, as cidades tornam-se focos de epidemias e enfrentam graves crises de saúde pública. Assim, o primeiro pilar do planejamento urbano é garantir que todos os habitantes tenham acesso a condições sanitárias dignas, um requisito mínimo para o bem-estar e a qualidade de vida.

2. Funcionalidade: Mobilidade e Organicidade

O segundo eixo do tripé é a funcionalidade. Uma cidade funcional é aquela que permite a circulação eficiente de pessoas, bens e serviços. A mobilidade urbana, portanto, é central: ruas, avenidas, transporte público e soluções para pedestres e ciclistas precisam ser planejados para conectar os espaços urbanos de maneira lógica e fluida. Além disso, a organicidade refere-se à harmonia entre diferentes áreas da cidade — zonas residenciais, comerciais, industriais e de lazer devem ser dispostas de forma coerente, garantindo que a cidade “funcione” como um organismo integrado e eficiente.

3. Economia: Produção de Riquezas

Por fim, o planejamento urbano precisa fomentar o desenvolvimento econômico. Este pilar garante que a cidade seja capaz de gerar riquezas e empregos para sua população, integrando-a a um sistema produtivo dinâmico e sustentável. Zonas industriais, centros comerciais e polos tecnológicos precisam ser estrategicamente localizados e equipados para maximizar seu potencial produtivo. Além disso, o planejamento deve considerar os custos de implementação e manutenção das infraestruturas, promovendo uma economia urbana que se sustente a longo prazo.

Integração e Expansão

Embora o tripé inicial — saúde, funcionalidade e economia — seja o alicerce de qualquer planejamento urbano, ele se expande para incorporar questões ambientais, sociais e culturais. A preservação do meio ambiente, a inclusão social e o respeito ao patrimônio histórico são elementos que enriquecem o projeto, garantindo não apenas a sobrevivência das cidades, mas sua capacidade de proporcionar qualidade de vida, bem-estar e desenvolvimento humano.

Um Apelo ao Guarujá: Priorizar o Pilar Sanitário

Muito bem, hoje a população do Guarujá se vê desatendida no item primeiro e mais essencial: a questão sanitária, pilar sobre o qual qualquer outro se sustenta. E isso não é de somenos. A ausência de um sistema eficiente de abastecimento de água e saneamento básico é uma afronta à dignidade e ao bem-estar da população. É preciso que esse povo se erga, tome consciência de sua força coletiva e exija que este mínimo fundamental não lhe seja subtraído. Isso implica, de forma imediata, o rompimento do contrato com a Sabesp, que tem se mostrado eficiente apenas na geração de resultados contábeis, enquanto fracassa rotundamente na missão de atender às necessidades vitais daqueles que enchem seus cofres. Rompimento já! E que uma companhia municipal eficiente seja criada, administrada com seriedade e comprometida com o interesse público, garantindo que a cidade do Guarujá tenha o saneamento básico digno que merece. Sem saúde, não há cidade, não há progresso, não há humanidade.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá.


Declaração de Fontes “As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de análises técnicas de planejamento urbano, bem como dados relevantes sobre a infraestrutura do Guarujá, baseados em fontes confiáveis e verificadas.”

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