Novo pedido de impeachment é oportunidade para passar a limpo a política do Guarujá

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*José Manoel Ferreira Gonçalves

O litoral paulista volta a atrair os holofotes perversos da imoralidade política. Mas, dessa vez, diante do apelo popular, será difícil a história se repetir como farsa.

Da primeira feita, em dezembro, a Câmara Municipal do Guarujá ignorou as consistentes evidências da Operação Nacar e arquivou o processo aberto contra Válter Suman. O pedido de impeachment, na ocasião, partiu da nossa pessoa, na qualidade de cidadão indignado com os acontecimentos que vieram à tona com a investigação comandada pela Polícia Federal, em ação integrada com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Agora, a Nacar volta a carga. Sob o peso de novas acusações, o Legislativo da cidade passará a discutir, a partir da próxima terça-feira, um novo pedido de impeachment para o prefeito.

Recapitulando: a Operação Nacar apura desvios e fraudes na área da saúde do município, em esquemas que teriam sido realizados com o aval e participação de Suman. Sim, trata-se de uma torpe dilapidação do dinheiro público, de recursos essenciais para a sobrevivência da população durante a grave crise sanitária que enfrentamos. Orçamento que seria destinado ao atendimento de pacientes em plena pandemia. As irregularidades se estendem, inclusive, à área da educação.

De acordo com PF, o esquema montado em plena Prefeitura negociava previamente com empresários os contratos que seriam motivo de leilão, direcionando os certames, mediante pagamento de propina. Ainda segundo a investigação, para que o dinheiro obtido na falcatrua chegasse às mãos do grupo encabeçado pelo prefeito e pela primeira-dama, foi supostamente montado um sistema de lavagem de dinheiro e o uso de “laranjas”.

Dessa vez, nessa segunda fase da Operação, como se não bastassem os motivos iniciais de repúdio popular, outros fatos vieram se juntar à investigação da PF, tornando cada vez mais insustentável a posição do mandatário, acusado de crimes como peculato, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A PF, que já pediu a prisão preventiva do prefeito – hoje afastado e obrigado a usar tornozeleira –, sustenta também que há seis vereadores que teriam sido beneficiados pelo esquema, em troca do arquivamento de denúncias contra o Suman e da aprovação de projetos de interesse de sua gestão. 

Diante de tudo aquilo que já divulgado e da enorme repercussão negativa, já documentada nos jornais da região, entramos com um novo pedido impeachment contra Suman, dando voz a uma população revoltada e pasma com a desfaçatez dos políticos que comandam o Guarujá.

Entramos também com petição junto ao presidente do Legislativo da cidade, Edmar Lima dos Santos, informando que ele e os vereadores Juninho Eroso, Mario Lucio, Nego Walter, Sirana Bosonkian, Naldo do Perequê e Santiago Angelo, também são investigados nos termos da representação apresentada pela Polícia Federal ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região. conforme Inquérito Policial 2020.0084266 DELEX/STS/DPF/SR/SP, documento que é o fundamento para a denúncia de impeachment em desfavor do Prefeito Municipal Valter Suman.

Portanto, todos estão impedidos de participar do processo de impeachment do Prefeito, Valter Suman, de modo a assegurar a sua lisura.

Não podemos permanecer indiferentes a esse tipo de conduta. Que a história apurada pelas investigações da PF seja finalmente passada a limpo, com transparência e respeito à democracia.

O que se viu na Câmara Municipal em dezembro foi um teatro. Esperamos que agora a história não se repita – nem como farsa, muito menos como tragédia.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é mestre e doutor em engenharia; presidente da Aguaviva (Associação Guarujá Viva).

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