Mudanças na PM de SP Visam Genocídio Social

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*Por José Manoel Ferreira Gonçalves

O Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Muraro Derrite, prepara um projeto de lei com novas regras para aposentadoria compulsória na Polícia Militar. De acordo com a Folha de São Paulo, caso seja aprovada, a nova regra mandará imediatamente para a reserva cerca de 40% dos coronéis, afetando 25 dos 63 ocupantes atuais dos postos de comando. A estratégia é vista como uma ofensiva contra policiais e oficiais que resistem ao avanço da politização da PM, caminhando para uma polícia mais linha-dura em São Paulo, rumo à milicialização, exatamente como ocorreu no Rio de Janeiro. Assisti há pouco no canal ICL uma entrevista do Luís Nassif, um dos maiores jornalistas brasileiros. O que se segue, em essência, recuperei de memória do que ele disse.

Tarcísio de Freitas, hoje, é a maior ameaça à democracia, e não mais Bolsonaro, que está fora do jogo, mas Tarcísio. Ele recorre a dois bordões, que só em uma sociedade doente como a nossa seriam aceitos: “bandido bom é bandido morto!” e “privatiza que melhora!”. Tarcísio é gestor medíocre, e sua ação na Polícia Militar visa eliminar todos os legalistas. Prevê-se assim um movimento similar ao do Rio de Janeiro, com a PM confundindo-se com as milícias. Tarcísio é um “Bolsonaro sem o histrionismo”, aplicando os princípios bolsonaristas na educação, com escolas militares, e negligenciando o aparato educacional público de São Paulo, como a USP e a Fapesp, representando uma grande ameaça à democracia.

Ontem, Tarcísio de Freitas anunciou o fim da Operação Verão na Baixada Santista. Iniciada em dezembro, a ação deixou um saldo de 59 mortes, 56 delas com indícios de execução, o que representa quase a metade do massacre do Carandiru. A Operação Verão é uma bandeira importante para Tarcísio, que já está de olho na reeleição. Promover esse tipo de ação na segurança pública ajuda eleitoralmente, o que é considerado extremamente preocupante. Ela vai matar de forma indiscriminada, contanto que tenha apoio popular e que isso sirva aos seus propósitos eleitorais, seja na presidência em 2026 ou na reeleição ao governo do estado.

São Paulo tem um histórico de violência, como o Massacre de 2006, em que Saulo de Castro, descrito como chacinador, esteve envolvido na morte de 600 pessoas na Baixada Santista. Uma mulher grávida, que daria à luz no dia seguinte, foi morta com um tiro na barriga, num ato terrível.

Um policial civil mencionou que se alguma delegacia tentasse investigar, seria cercada pela Polícia Militar. Quando o chefe maior induz à matança, não há como contê-la.

Saulo de Castro invadiu a Assembleia Legislativa com vários policiais militares para intimidar os deputados no caso do massacre do ônibus, cercando o veículo com dezenas de prisioneiros e fuzilando-os. As mortes só começaram a cair quando o Ministério Público Federal convocou o Conselho Regional de Medicina, que enviou médicos para realizar autópsias no Instituto Médico Legal, pois, até então, as autópsias não eram feitas, havendo cumplicidade com as mortes. Com isso as mortes caíram abruptamente. É o espírito dos Bandeirantes, diz Nassif. O Ministério Público Federal tentou federalizar o caso, sem sucesso, deixando uma mancha na história. Saulo de Castro está solto e ascendeu a cargos superiores.

São Paulo tem uma tradição de desrespeito aos direitos dos mais pobres. Tarcísio, é necessário que se dê as coisas os nomes que elas têm, é genocida, assim como Witzel. Se esse projeto for aprovado, haverá um inevitável banho de sangue. Mormente sangue vermelho sobre pele negra… de bolsos vazios.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é jornalista, cientista político, engenheiro, escritor e advogado. É pré-candidato a prefeito de Guarujá pelo PSOL. É presidente da Associação Guarujá Viva, AGUAVIVA, e da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, Ferrofrente. Idealizador do Portal SOS PLANETA

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