Morre filho de vítima da Operação Verão

Compartilhe:

José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Uma Tragédia que se Repetiu

A comunidade de Santos, litoral de São Paulo, vive mais uma tragédia. Ryan da Silva Andrade Santos, de quatro anos, morreu após ser atingido por um tiro na barriga durante uma ação policial no Morro do São Bento. A criança era filho de Leonel Andrade, morto em outra operação policial, a Operação Verão, realizada nove meses antes. Esse novo caso traz à tona questionamentos sobre a atuação das forças de segurança em áreas periféricas e sobre o risco a que esses moradores são expostos diariamente.

A mãe do menino, Beatriz da Silva, declarou ao UOL que, naquela noite, Ryan brincava na rua, enquanto os moradores do bairro tentavam se abrigar quando os disparos começaram. Ela, que já tinha solicitado medidas de proteção contra a PM após a morte do marido, hoje questiona o valor dessas garantias para a segurança de sua família. Segundo Beatriz, “não houve confronto”, e os tiros aconteceram enquanto o grupo corria para escapar.

As Feridas da Operação Verão

A morte de Ryan revive o trauma da Operação Verão, marcada por 56 mortes na Baixada Santista. A operação foi encerrada em abril, mas ainda levanta suspeitas, pois faltaram câmeras corporais nas ações e as apurações das denúncias de violência policial andam de forma lenta. A ação foi uma resposta ao assassinato de três policiais, mas o resultado foi o luto para dezenas de famílias que até hoje tentam compreender as circunstâncias dessas mortes, muitas delas sem testemunhas ou provas claras.

A foto de Leonel Andrade, sentado e apoiado em muletas minutos antes de morrer, expõe a incoerência entre as justificativas de confronto divulgadas pela polícia e o cenário relatado por testemunhas. Agora, com o filho morto na mesma região, a família sente-se desamparada, presa entre a violência policial e a ausência de respostas.

Segurança Pública ou Descontrole?

Essa tragédia coloca em xeque o planejamento e as práticas de segurança pública em áreas de alta vulnerabilidade. Operações como a que tirou a vida de Ryan e Leonel, supostamente para conter o crime, acabam deixando cicatrizes profundas, destruindo lares e, muitas vezes, afetando as próprias crianças da comunidade.

A Secretaria de Segurança Pública promete investigar as responsabilidades dos sete policiais afastados, mas é difícil imaginar que essa medida traga consolo para uma família marcada por tamanha violência.

O Clamor por Justiça

Enquanto o caso se arrasta em apurações, a dor da perda e a ausência de garantias reais abrem uma ferida ainda mais profunda na comunidade. A história de Ryan e Leonel é um grito por mudanças urgentes na atuação policial em comunidades vulneráveis. O luto de uma família se torna símbolo de uma comunidade que, a cada nova tragédia, vê na segurança pública mais incertezas que proteção.

Declaração de Fontes:
“As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de reportagens e dados da UOL Notícias e Secretaria da Segurança Pública.”

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email