Mentiras e Privatização Hídrica

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Crise e Falsas Promessas

Guarujá vive um cenário contraditório. Enquanto o discurso oficial da Sabesp exalta obras “históricas” que supostamente beneficiarão bairros como Jardim Virgínia, Enseada, Perequê e Jardim Umuarama, a realidade revela um passado repleto de promessas não cumpridas. Desde tempos antigos, projetos de saneamento foram anunciados e licitados, mas a prestação de contas nunca ocorreu de forma transparente. Assim, o dinheiro investido – que deveria ter transformado a qualidade de vida dos moradores – se perdeu em meio a promessas vazias e negligência administrativa. Em meio a esse contexto, a Sabesp, que já ostenta uma imagem negativa por seu mau atendimento e cobranças indevidas, vem, agora, contraatacando com uma enxurrada de propaganda e anúncios de investimentos bilionários. Contudo, o que se observa é uma narrativa repleta de mentiras e inverdades, que serve apenas para mascarar a ineficiência e a má gestão dos recursos que ela obtém dos cidadãos.

Propaganda, Privatização, Mentiras, Desastre: Uma Realidade Oculta

A estratégia da Sabesp não passa despercebida. Desde que seus deslizes começaram a ocupar as primeiras páginas dos jornais, a companhia investe pesado em campanhas publicitárias que exaltam projetos e investimentos multibilionários – supostamente capazes de transformar o cenário hídrico da região. Entretanto, as obras que hoje se apresentam como “históricas” já foram anunciadas há muito tempo, e ninguém jamais prestou contas sobre o destino dos recursos aplicados à época. Essa retórica de modernização esconde, na verdade, um retrocesso estrutural que vem comprometendo a credibilidade de um serviço essencial. Ademais, a privatização deste serviço, monopolizado por poucas mãos, retira dos cidadãos o direito de escolha, impondo a obrigatoriedade de consumir um produto que, em teoria, deveria ser um bem público de qualidade.

Histórico de Obras e a Ausência de Prestação de Contas

Ao longo dos anos, a administração municipal enalteceu projetos de rede de esgoto e saneamento como se fossem a solução definitiva para os problemas de saúde e qualidade de vida. Todavia, os investimentos – anunciados com cifras polpudas – parecem ter sido engolidos por uma burocracia intransparente, onde o repasse de verbas nunca foi devidamente esclarecido. Moradores e comerciantes já estão cansados de ver dinheiro público desaparecer sem qualquer explicação plausível. O silêncio sobre os reais resultados das obras gera indignação e desconfiança, alimentando uma percepção de que, por trás dos anúncios, impera um descompasso entre o que é prometido e o que é efetivamente entregue.

Privatização: Monopólio e Falta de Escolha

Outra questão que agrava o debate é a privatização do serviço de água, que, sob o pretexto de modernização, afasta a possibilidade de o cidadão optar por alternativas, algo apenas admissível quando a iniciativa é pública, porque os eventuais lucros acumulados retornariam ao povo. Esse monopólio, que atualmente domina o mercado, elimina a concorrência e, inclusive, o direito de não comprar. Quem paga não tem voz nem escolha, sendo compelido a aceitar um serviço falho, mesmo diante de propagandas que exaltam bilhões investidos em melhorias. Essa realidade reforça a crítica de que os bilhões anunciados como investimentos se convertem, na prática, em bilhões de mentiras, que perpetuam um ciclo de desinformação e exploração dos recursos públicos.

Propaganda, Privatização, Mentiras, Desastre na Gestão Hídrica

O combate a essa farsa passa por uma mobilização da sociedade e pela exigência de maior transparência e responsabilidade dos gestores públicos. A narrativa de sucesso propagada pela Sabesp não esconde os problemas reais enfrentados diariamente pelos moradores. É imprescindível que a população se una para cobrar a prestação de contas dos recursos investidos, e que se questione a privatização de um serviço que deveria ser universal e acessível a todos. A luta por um saneamento de qualidade envolve não apenas a denúncia das promessas não cumpridas, mas também a recusa de aceitar uma propaganda enganosa que transforma bilhões em meras ilusões.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá. Membro do Conselho Deliberativo da EngD

Declaração de Fontes: As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas.

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