A peça O Carro Azul, de José Manoel Ferreira Gonçalves, emerge como uma obra singular, mergulhada em reflexões profundas sobre crises simultâneas: a luta pessoal de José contra a Covid-19 e a batalha do Brasil contra o fascismo. É importante perceber que, desde o início, o protagonista José, ainda convalescente da Covid-19, é mandado para casa precocemente, revelando as falhas de um sistema de saúde sobrecarregado.
Infância e Ditadura: Recordações de José
Certamente, a narrativa se aprofunda ao explorar a infância de José, uma época marcada pela Ditadura Militar no Brasil. Tanto quanto as memórias afetuosas de sua família, são evocadas as imagens traumáticas daquele período, como o menino pobre eletrocutado e as violentas repressões a manifestações estudantis. Essas reminiscências, entrelaçadas de nostalgia e horror, atuam como um espelho que reflete as inquietações atuais do país.
Consequências do Fascismo Moderno
Além disso, José se depara com a realidade contemporânea do Brasil, uma nação assolada pela ascensão do fascismo. De fato, o texto ilustra como a justiça, a cultura, a educação e outros pilares da sociedade são corroídos por essa ideologia extremista. Por exemplo, a economia e os direitos humanos são apresentados como vítimas dessa erosão política e social, deixando um rastro de destruição que beneficia apenas uma minoria elitista.
A Culpa e a Cumplicidade do Indivíduo
Por outro lado, a obra também questiona o papel do indivíduo frente a esses desafios. José se pergunta sobre sua própria cumplicidade e resistência diante dessas forças opressoras. Nesse caso, o leitor é convidado a refletir sobre sua participação no cenário político e social atual, tornando-se um espectador ativo da trama.