Impeachment e a encruzilhada da democracia

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José Manoel Ferreira Gonçalves

Há pouco mais de um ano, tomei a iniciativa de protocolar, como cidadão, um dos primeiros pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro. De minha parte, outros três seguiram-se àquele pedido inicial, inclusive tramitando em tribunais internacionais e engrossando o coro de representações contrárias à permanência do mandatário em Brasília. Evidentemente, não me arrependo daquela iniciativa. Em curto espaço de tempo, o presidente demonstrou, com novas atitudes reprováveis, que urge levar adiante seu impeachment.

Hoje, sob o peso da tragédia do meio milhão de pessoas que pereceram com a Covid-19, já são centenas de pedidos semelhantes impetrados por entidades e organizações da sociedade civil, a maioria deles esperando a análise do Congresso.

O fato é que o comportamento de Bolsonaro só piorou nesse período. Além do negacionismo assassino que coloca em risco a saúde da população – agravado pelas denúncias de corrupção que teriam transitado no Ministério da Saúde, sem que ele tomasse providências para investigar, o presidente ameaça a todos com manifestações diárias de falta de apreço pelo democracia. Xinga jornalistas, assedia a imprensa, coloca em dúvida antecipadamente a lisura das eleições em 2022, provoca o Congresso e intimida o Supremo Tribunal Federal. Como chefe, contamina o seu entorno de seguidores e faz com que até as Forças Armadas tomem atitudes temerárias que ressuscitam fantasmas e nos remetem aos tristes anos da ditadura militar.

Não podemos assistir impassíveis esse cerco contra a democracia ganhar fôlego na figura de Bolsonaro. Essas ameaças não podem prosperar.

As recentes manifestações contra o governo Bolsonaro demonstraram que a população grita por democracia. Na engenharia, na economia, na sociedade como um todo, o clamor é o mesmo: impeachment já!

 

José Manoel Ferreira Gonçalves é engenheiro, jornalista, advogado, professor doutor, pós-graduado em Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, integrante do Movimento Engenheiros pela Democracia, presidente do PDT de Guarujá, presidente da Ferrofrente e presidente da AGUAVIVA – Associação Guarujá Viva.

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