Nesta segunda-feira, 09 de junho de 2025, o engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, coordenador do movimento Engenheiros pela Democracia (EPD), protocolou um pedido de acesso à informação junto ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), registrado sob o número 242/2025 no Portal da Transparência do Governo Federal.
O pedido tem como objetivo esclarecer os critérios técnicos e metodológicos de uma pesquisa sobre renda e empregabilidade de profissionais da área tecnológica, divulgada pelo Confea em 23 de maio de 2025 por meio de conteúdo de marca patrocinado no portal UOL. A pesquisa, realizada pela empresa Quaest, afirma que “os profissionais registrados ganham mais do que a média nacional – inclusive, acima do rendimento médio dos advogados –, pois 68% das famílias possuem renda superior a cinco salários mínimos, enquanto na advocacia esse percentual corresponde a 48%.” Ainda segundo o material, “a maior transição de renda ocorre entre os 30 e 34 anos, faixa etária em que a maioria ultrapassa os cinco salários mínimos.”
Foram entrevistados 48 mil profissionais registrados, das áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências, com uma confiabilidade de 95% para a amostra geral. A coleta dos dados foi realizada em todos os Estados brasileiros, entre 23 de setembro de 2024 e 2 de fevereiro de 2025. É justamente sobre esses aspectos que os engenheiros solicitam mais informações detalhadas.
Felipe Nunes, CEO da Quaest, declarou ao veículo que “os engenheiros têm renda muito acima da média nacional, e se sentem vocacionados a contribuir para a construção de projetos de impacto para o País.”
A solicitação encaminhada ao Confea questiona pontos fundamentais como:
- O questionário aplicado e a estrutura do instrumento de coleta de dados;
- A metodologia adotada, incluindo critérios de amostragem e fundamentos científicos;
- O custo total da pesquisa e os contratos envolvidos;
- A origem dos dados utilizados (primários ou secundários);
- A disponibilização dos dados estatísticos brutos para análise pública.

José Manoel destaca que, para se manter no mercado, não basta apenas possuir boa empregabilidade; é essencial que o profissional tenha condições que promovam seu crescimento pessoal e eficiência no trabalho. Ambientes que proporcionam satisfação estimulam o rendimento e fortalecem a capacidade do indivíduo de se manter ativo e valorizado no mercado profissional.
Ele também frisa que a pesquisa não deve ser usada para fins de promoção institucional ou pessoal, especialmente em período pré-eleitoral. “Ela precisa atender ao interesse público e refletir a realidade dos profissionais da engenharia, sem se transformar em instrumento de propaganda ou distorção dos desafios enfrentados por milhares no país.”
Uma das questões que chama muita atenção é o tamanho da amostra, com cerca de 48 mil engenheiros entrevistados por telefone, o que suscita questionamentos metodológicos relevantes.
O engenheiro reforça que a Quaest tem prestado serviços importantes na área de pesquisa, o que justifica a seriedade da busca por informações claras e detalhadas sobre a metodologia adotada. “Nosso objetivo é compreender com rigor técnico e científico como o estudo foi realizado, buscando transparência e qualidade nas informações apresentadas.”
Além do pedido formal de acesso à informação, o movimento Engenheiros pela Democracia (EPD) também solicitou uma reunião com a direção da empresa Quaest. O objetivo é viabilizar o diálogo direto entre uma comitiva de engenheiros e os responsáveis pela pesquisa, a fim de esclarecer dúvidas e compreender, com transparência e rigor técnico, todos os aspectos envolvidos no levantamento divulgado.

Quando se trata de método, é crucial entender por que certos caminhos foram escolhidos em detrimento de outros. A clareza sobre o método adotado permite validar os resultados e garantir que eles não estejam contaminados por vieses ou interpretações subjetivas. Uma pesquisa que se pretende científica precisa justificar suas escolhas metodológicas com base em critérios objetivos, buscando minimizar a interferência da subjetividade dos pesquisadores e maximizar a validade dos dados coletados.
A resposta do Confea é aguardada dentro do prazo legal de até 20 dias, conforme estabelecido pela Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011). Assim que houver retorno oficial, o conteúdo será disponibilizado neste canal para consulta pública.