Em Defesa de Augusto Melo

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

O peso da responsabilidade presidencial

Ser presidente do Sport Club Corinthians Paulista é, antes de tudo, uma missão ingrata. Tudo recai sobre o principal nome, mesmo que as ações tenham ocorrido nos bastidores, longe de seu controle direto. No caso que envolve a “Vai de Bet”, Augusto Melo assinou um contrato após todas as outras assinaturas estarem devidamente formalizadas. Não participou da negociação, não recebeu valores e tampouco há qualquer prova de envolvimento direto com os personagens que foram posteriormente identificados como beneficiários financeiros.

Augusto é uma figura pública, que tira entre 30 e 40 fotos por dia com torcedores, conselheiros e personalidades. Usar imagens retiradas de seu cotidiano para vinculá-lo a qualquer crime é, no mínimo, injusto. Nenhuma dessas imagens, por si só, prova envolvimento. Ao contrário: reforça o quanto ele é querido e acessível. O Corinthians foi vítima. Não se pode inverter os papéis.

Força na base

Quem acusa Augusto Melo de sucatear a base desconhece os fatos. Durante sua gestão, foram contratados mais de 80 atletas para o sub-20, com uma política de parcerias que permitia ao clube ampliar sua rede de captação sem gastos diretos. O resultado veio rápido: título da Copinha em 2024, vice-campeonato em 2025 e 11 atletas revelados sendo aproveitados no profissional. Isso não é sucateamento, é construção de patrimônio técnico e financeiro. A folha da base, que passou de 1,5 milhão, reflete investimento e não desperdício.

O combate silencioso ao cambismo

O cambismo não é exclusividade do Corinthians, mas uma praga nacional que atinge estádios, shows e festivais. Sob a gestão de Augusto Melo, houve a criação de um canal exclusivo de denúncias, o <ingressolegal@sccorinthians.com.br>, além de ações infiltradas dentro do clube para mapear e eliminar logins suspeitos. O uso de reconhecimento facial já estava nos planos, com testes iniciados pela BePass, maior empresa do setor. Porém, o afastamento do presidente travou a continuidade do projeto. Acusar Augusto de omissão é, no mínimo, desinformação.

Empresas contratadas

As críticas de que tentou beneficiar empresas duvidosas na gestão do Fiel Torcedor também não se sustentam. A BePass, empresa contratada, é referência no Brasil e opera em arenas de alto padrão, como Allianz Parque e Arena da Baixada. O Corinthians, que já vinha de um histórico conturbado com outras empresas do setor, buscava uma alternativa segura e moderna. A mudança posterior para a LigaTech, ligada à antiga Omni, não foi decisão de Augusto, mas da gestão interina.

Gestão responsável e entraves internos

A renovação de contratos com empresas de segurança e limpeza às vésperas de seu afastamento também é mal interpretada. A renovação era prevista desde o meio do ano anterior, mas atrasou por falha do departamento jurídico. A empresa, com ampla aprovação pela performance na Neo Química Arena, tem os melhores índices de limpeza e evacuação do país. A boa relação de custo-benefício era inquestionável.

O caso Rojas, por sua vez, reflete o conflito interno de uma administração com forças políticas ativas e muitas vezes contraditórias. Augusto Melo só soube do não pagamento após a saída do jogador, já que o dinheiro estava em caixa. A condução do caso por Rubão e Rozallah foi desastrosa, e o presidente tentou substituí-los, mas esbarrou em vetos políticos. Um presidente precisa de autonomia para agir, o que não foi garantido a ele.

Quanto à auditoria prometida, a ausência do relatório não é culpa de Augusto. A Ernst & Young não entregou o material, apesar das cobranças. Criticá-lo por um relatório que sequer chegou à presidência é mais uma tentativa de minar sua reputação sem base concreta.

Muito barulho, pouca substância

A imagem de Augusto Melo vem sendo alvo de ataques sistemáticos que ignoram a realidade administrativa do clube sob sua gestão. O Corinthians avançou em diversas áreas, a base foi fortalecida, o combate ao cambismo estruturado e contratos foram feitos com critério técnico. O presidente precisa de liberdade para governar, e não de uma guilhotina política acima da cabeça. O tempo mostrará quem de fato trabalhou pelo clube — e quem apenas o utilizou como palanque.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador e presidente da FerroFrente e da Associação Água Viva. Em 2018, fundou e passou a coordenar o Movimento Engenheiros pela Democracia (EPD), criado a partir da convicção de que a engenharia, como base material do desenvolvimento nacional, deve estar a serviço da democracia, da ética e da justiça social.

Declaração de Fontes:
As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de reportagens da ESPN Brasil, UOL Esporte, Globo Esporte, e análises publicadas por jornalistas esportivos especializados em política do Corinthians, além de documentos públicos da diretoria.

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