Crise Memphis abala Corinthians

Compartilhe:

Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
Sócio do Corinthians desde 1982
, #55paixãocorintiana#zemanoel

Um título e um estopim

O Corinthians saiu do Maracanã com a taça da Copa do Brasil e com uma faísca política acesa no Parque São Jorge. Além disso, a conquista trouxe um bônus direto para Memphis Depay, porque o atacante garantiu mais R$ 4,725 milhões em prêmio ao erguer seu segundo troféu pelo clube. No entanto, em vez de só comemoração, a entrevista pós-jogo abriu um flanco interno que muita gente preferia manter fechado.

Corinthians Memphis crise conselheiros

Em seguida, conselheiros próximos do presidente Osmar Stabile passaram a articular uma saída contratual para o holandês, porque eles alegam dano à imagem do clube após críticas públicas à diretoria. Além disso, eles dizem procurar no contrato uma cláusula específica sobre “mancha” institucional, já que pretendem levar o tema ao presidente e pedir rompimento. Ainda assim, o próprio ambiente político indica um freio, porque Stabile costuma atuar de modo agregador e tende a desarmar movimentos radicais.

O que incomodou de verdade

Memphis elevou o tom ao cobrar estrutura e ao atacar “pessoas no comando”, usando linguagem dura e mandando quem “quer prejudicar o Corinthians” sair da diretoria. Além disso, ele apontou ambição esportiva, porque defendeu um clube que brigue por Libertadores e Brasileirão todo ano. Porém, a crítica pública, quando vem em celebração de título, vira munição imediata para disputas internas, já que conselheiros enxergam oportunidade de marcar posição.

Corinthians Memphis crise conselheiros

A irritação não ficou restrita ao atacante, Fabinho Soldado igualmente “detonou” o ambiente político alvinegro. Assim, a crise deixa de ser apenas um “caso Memphis” e passa a soar como retrato de bastidores, com ruídos entre gestão, conselho e comunicação. Portanto, a crise Corinthians & Memphis & conselheiros ganha contorno maior: ele expõe a dificuldade histórica do clube em alinhar vitórias de campo com estabilidade de gabinete.

Contrato, imagem e custo real

Contudo, qualquer tentativa de rescisão precisa enfrentar o básico: contrato existe para reduzir improviso, e não para alimentar impulso. Ainda, cláusulas de imagem e conduta costumam exigir prova de prejuízo, além de proporcionalidade de resposta, porque o clube precisa justificar advertência, multa ou ruptura. Consequentemente, um rompimento mal sustentado pode virar passivo financeiro e jurídico, e o Corinthians ainda corre o risco de parecer inconstante no mercado.

O que a torcida deveria cobrar agora

O torcedor ganha quando exige procedimento claro, porque procedimento protege o clube mesmo quando a emoção ferve. Além disso, a diretoria precisa liderar com uma linha única de comunicação, já que o silêncio prolongado cria versões concorrentes e amplia a guerra interna. Ao mesmo tempo, o elenco precisa entender o peso da camisa, porque cobrança pública pode virar pretexto para instabilidade e distração em calendário pesado. Assim, o clube só sai maior se transformar a tensão em regra de governança, e não em espetáculo.

Pragmatismo para evitar uma novela

Por fim, o Corinthians deveria priorizar mediação e parâmetros objetivos, porque punição sem tino costuma custar mais que o problema original. Além disso, o clube pode estabelecer um pacto interno de crítica responsável, já que transparência não exige ataque pessoal em microfone aberto. Portanto, se o futebol quer manter o rumo, ele precisa tratar conflito como gestão diária, e não como arena de vaidades.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é Engenheiro Civil, Advogado, Jornalista, Cientista Político e Escritor. Pós-doutor em Sustentabilidade e Transportes (Universidade de Lisboa). É fundador e presidente da FerroFrente e da Associação Água Viva, coordenador do Movimento Engenheiros pela Democracia (EPD) é um dos fundadores do Portal de Notícias Os Inconfidentes, comprometido com pluralidade e engajamento comunitário.

Declaração de fontes: As informações deste artigo se baseiam no conteúdo fornecido pelo leitor a partir de publicação do R7 Esportes (Blog do Nicola, Jorge Nicola, 22/12/2025) e em referências gerais de práticas de governança e contratos no futebol brasileiro (normas trabalhistas e desportivas aplicáveis ao contrato de atleta profissional).

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email