*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
A Amazônia como potência global
A Amazônia, com sua biodiversidade inigualável, pode se transformar no epicentro mundial da bioeconomia. Essa é a visão do CEO da Natura, João Paulo Ferreira em entrevista ao Estadão, que enxerga na região o potencial para ser o “Vale do Silício da biodiversidade”. Mais do que uma metáfora, o conceito reflete o impacto que a inovação, aliada à sustentabilidade, pode gerar na economia global e no protagonismo do Brasil no cenário ambiental.
A Natura exemplifica como unir negócios à natureza de forma estratégica pode criar vantagens competitivas e transformar desafios em soluções. O pioneirismo da empresa, que investe consistentemente em pesquisa e desenvolvimento na Amazônia, demonstra que o diferencial competitivo do Brasil está em valorizar sua riqueza natural de forma inovadora.
Inovação: o alicerce da bioeconomia
A inovação ocupa um papel central na transição para uma economia sustentável. Segundo Ferreira, as práticas socioambientais só se tornam diferencial competitivo quando incorporadas desde a concepção de produtos e serviços. No caso da Natura, o segredo está em equilibrar inovação e impacto ambiental, gerando lucros e valorizando recursos naturais.
O Ecoparque, complexo industrial da Natura em Benevides (PA), é um exemplo prático de como a Amazônia pode liderar a bioeconomia. Além de criar produtos cosméticos com alta performance, o espaço fomenta pesquisas que promovem a conservação e a regeneração da biodiversidade, pilares indispensáveis para a sustentabilidade.
O Brasil na liderança climática
Com a aproximação da COP-30, Ferreira destaca que o Brasil tem a oportunidade histórica de liderar a transição para uma economia de baixo carbono. Para isso, é essencial investir em regulamentações e políticas públicas que valorizem os serviços ambientais, como o mercado de carbono.
A presença da Natura na Amazônia, segundo João Paulo, é um modelo de como empresas podem contribuir nesse contexto. Há 25 anos, a companhia colabora com comunidades extrativistas e desenvolve tecnologias que transformam biodiversidade em valor de mercado. Esses exemplos reforçam que a bioeconomia não é apenas uma tendência, mas uma necessidade e uma realidade em construção.
Rumo ao futuro sustentável
O CEO da Natura reforça que a Amazônia pode se tornar o epicentro da inovação verde global, mas isso exige colaboração entre governos, empresas e sociedade. A construção de uma bioeconomia robusta requer investimentos e regulamentações que incentivem práticas sustentáveis, gerem empregos e fortaleçam o protagonismo brasileiro.
Se o Brasil aproveitar suas vantagens naturais e investir em inovação, poderá liderar não apenas a transição energética, mas também ser um modelo para a economia verde global. O “Vale do Silício da biodiversidade” é mais do que uma visão otimista: é uma meta alcançável para o país com a maior floresta tropical do mundo.
*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá.
Declaração de Fontes:
“As informações contidas neste artigo foram baseadas em declarações de João Paulo Ferreira, CEO da Natura, em entrevista publicada e em dados sobre investimentos e projetos relacionados à bioeconomia e à Amazônia.”