Alerta Amazônia, Grito Cerrado

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*José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Legado Verde ou Cinzas Anunciadas?

O Brasil se encontra em uma encruzilhada crítica, às vésperas de sediar a COP30 em Belém. Por conseguinte, os olhos do mundo se voltam não apenas para nossas promessas climáticas, mas, fundamentalmente, para nossas ações concretas no combate ao desmatamento. De fato, a devastação da Amazônia e do Cerrado lança uma sombra preocupante sobre o evento e, mais importante, sobre o futuro ambiental do planeta. Portanto, é imperativo que o país demonstre um compromisso inequívoco com a preservação, transformando discursos em resultados palpáveis.

Além disso, a realização da Cúpula do Clima na Amazônia é simbólica e estratégica. Contudo, tal simbolismo exige coerência. Enquanto a Amazônia experimentou recentes quedas nos índices de desmatamento, o Cerrado, berço das águas e savana mais biodiversa do mundo, continua a sofrer com taxas alarmantes de destruição. Assim, a questão que se impõe é: como o Brasil pode liderar discussões globais sobre o clima enquanto seus biomas mais vitais pedem socorro?

Compromisso Urgente: COP30 Amazônia Desmatamento Cerrado

A urgência é manifesta. Com efeito, dados de instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Imazon revelam a persistência de vetores de destruição, como a expansão agropecuária insustentável, o garimpo ilegal e a grilagem de terras. Nesse sentido, a moratória da soja (pacto ambiental pioneiro e voluntário, firmado no Brasil em 2006, que revolucionou a forma como a cadeia produtiva da soja lida com a questão do desmatamento na Amazônia) e os termos de ajustamento de conduta para a pecuária são passos importantes, mas sua eficácia depende de fiscalização rigorosa e contínua. Adicionalmente, o fortalecimento de órgãos como o IBAMA e o ICMBio é crucial, garantindo recursos e autonomia para que possam atuar de forma decisiva no território.

Do mesmo modo, não se pode dissociar a proteção ambiental do desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais. Por isso, a promoção da bioeconomia, com o uso sustentável da biodiversidade, e o incentivo a práticas agrícolas de baixo carbono são caminhos promissores. Além disso, a regularização fundiária e o apoio a projetos de manejo florestal comunitário podem transformar os habitantes da floresta em seus maiores guardiões. A frase de foco COP30 Amazônia Desmatamento Cerrado deve ecoar como um chamado à ação integrada e multissetorial.

Desafios Rumo à Sustentabilidade Efetiva

Os desafios são complexos. Por um lado, existem pressões econômicas e políticas que, historicamente, favoreceram um modelo de desenvolvimento predatório. Por outro lado, a vastidão territorial e a carência de infraestrutura em muitas regiões remotas dificultam o monitoramento e a aplicação da lei. Dessa forma, é fundamental que o governo federal, em parceria com estados e municípios, estabeleça metas ambiciosas e factíveis, com transparência e participação social.

Ademais, a cooperação internacional desempenha um papel relevante. Países desenvolvidos, que também possuem responsabilidades históricas na crise climática, devem ampliar o financiamento para ações de conservação e desenvolvimento sustentável no Brasil. Todavia, essa cooperação precisa ser pautada pelo respeito à soberania nacional e pela garantia de que os recursos cheguem efetivamente às iniciativas que promovem a proteção ambiental e o bem-estar das populações da Amazônia e do Cerrado.

Rumo à COP30: COP30 Amazônia Desmatamento Cerrado

À medida que a COP30 se aproxima, o Brasil tem a oportunidade de reafirmar seu protagonismo na agenda climática global. No entanto, essa liderança só será legítima se estiver alicerçada em avanços concretos na contenção do desmatamento. Ignorar o grito do Cerrado enquanto se tenta salvar a Amazônia é uma estratégia falha e incompleta. A frase de foco COP30 Amazônia Desmatamento Cerrado ressalta a interconexão desses desafios e a necessidade de soluções abrangentes.

Portanto, o momento exige coragem política, investimento em ciência e tecnologia para monitoramento, valorização dos povos originários e comunidades tradicionais, e um pacto nacional pela sustentabilidade. A transição para uma economia verde não é apenas uma necessidade ambiental, mas uma oportunidade de gerar emprego, renda e inovação.

Um Legado de Esperança e Ação

O sucesso da COP30 em Belém será medido não apenas pelos acordos firmados, mas pela capacidade do Brasil de apresentar ao mundo um quadro de reversão consistente da destruição de seus biomas. Que o legado deste encontro não seja apenas um documento, mas florestas em pé, rios protegidos e um futuro onde a harmonia entre desenvolvimento e conservação seja a norma. Assim, o Brasil poderá, de fato, inspirar o mundo.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá. Membro do Conselho Deliberativo da EngD

Declaração de Fontes: As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas, incluindo1 o Correio Braziliense, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Imazon, e dados públicos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

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