Por José Manoel Ferreira Gonçalves – Cientista político
Pré-candidato a prefeito do Guarujá pelo PSol
A tênue linha entre a violência real e a manipulação política.
No último sábado, o mundo assistiu atônito a um novo episódio de violência política. O ex-presidente americano Donald Trump foi vítima de um ataque físico durante um evento em Iowa. O incidente, que inicialmente gerou comoção e dúvidas sobre sua autenticidade, levanta questões relevantes sobre a instrumentalização da violência para fins políticos, prática que, infelizmente, não se limita às fronteiras americanas.
A Sombra da Dúvida: Quando a Violência se Transforma em Palanque?
A facada sofrida por Jair Bolsonaro em 2018 durante a campanha eleitoral ainda ecoa na memória dos brasileiros. A narrativa do atentado, que catapultou o então candidato à presidência, foi permeada por inconsistências e versões controversas, alimentando a desconfiança de parte da população e da imprensa, inclusive da imprensa altamente qualificada a exemplo do jornalista Luís Nassif, Joaquim de Carvalho, Leonardo Attuch, entre outros. A recente prisão de militares ligados ao ex-presidente, acusados de envolvimento em um esquema de manipulação e desvio de recursos públicos, reacendeu o debate sobre a real natureza do episódio e a possível participação daqueles que deveriam garantir a segurança do candidato.
O atentado contra Trump, embora de menor gravidade, também despertou desconfianças. O ferimento superficial, a reação calculada do ex-presidente e o cenário que mais parecia um palco cuidadosamente preparado levantaram suspeitas sobre uma possível encenação com o intuito de angariar apoio popular. Embora as investigações apontem para um ataque real, o episódio evidencia a fragilidade da verdade em tempos de polarização política e manipulação midiática.
Manipulação e Oportunismo: A Triste Realidade da Política Contemporânea
A instrumentalização da violência, seja ela real ou fabricada, como ferramenta política é uma tática nefasta e antiética que mina os pilares da democracia. A busca por votos a qualquer custo, mesmo que à custa do sofrimento alheio e da manipulação da opinião pública, demonstra a falência moral de certos atores políticos e a fragilidade de um sistema que permite tais desvios.
A polarização ideológica, exacerbada pelas redes sociais e por uma mídia frequentemente parcial, cria um terreno fértil para a proliferação de discursos de ódio, notícias falsas e teorias conspiratórias, dificultando a distinção entre o real e o fabricado, o verdadeiro e o falso. Nesse contexto, a violência, seja ela física ou simbólica, transforma-se em um espetáculo midiático, capaz de mobilizar paixões, angariar apoio e influenciar o resultado das urnas.
O Eco da Extrema Direita: Um Fenômeno Global?
Tanto Trump quanto Bolsonaro compartilham de um ideário político de extrema direita, caracterizado pelo discurso nacionalista, o ataque às instituições democráticas, o desprezo pela ciência e a incitação à violência contra opositores. Seus governos, marcados por escândalos de corrupção, negacionismo científico durante a pandemia de Covid-19 e políticas que aprofundaram a desigualdade social, deixaram um rastro de morte e destruição em seus países.
A ascensão da extrema direita é um fenômeno global, impulsionado por crises econômicas, desigualdade social, medo da perda de privilégios e manipulação da opinião pública. A instrumentalização do medo, do ódio e da desinformação como ferramentas políticas representa uma ameaça real à democracia e aos direitos humanos em todo o mundo.
Um Novo Amanhecer? A Esperança Resiste em Meio ao Caos
Apesar do avanço da extrema direita e da crescente polarização política, a esperança de um futuro mais justo e democrático ainda resiste. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022, após anos de obscurantismo, reacendeu a chama da democracia no Brasil, demonstrando que a luta por igualdade social, justiça e direitos humanos ainda mobiliza a maioria da população.
Na Europa, a esquerda também tem conquistado espaço, com a vitória de Emmanuel Macron na França e a ascensão do Partido Trabalhista na Inglaterra, liderado por Keir Starmer. A guinada à esquerda no continente europeu, embora ainda incipiente, representa um alento em meio ao avanço da extrema direita e reacende a esperança de um mundo mais justo e igualitário.
O Futuro Incerto: Entre a Utopia e o Colapso
O mundo encontra-se em um momento histórico crucial, dividido entre a esperança de um futuro mais justo e democrático e o medo do retrocesso social e da escalada autoritária. A luta contra a extrema direita, a defesa da democracia, a promoção da igualdade social, o combate à desinformação e a construção de uma sociedade mais justa e fraterna são desafios urgentes que exigem a união de todos aqueles que acreditam em um futuro melhor.
O futuro é incerto, mas a história nos ensina que a luta por um mundo mais justo e igualitário é um caminho sem volta. Que a verdade, a justiça e a democracia prevaleçam.
*José Manoel Ferreira Gonçalves é jornalista, cientista político, engenheiro, escritor e advogado. Pré-candidato a prefeito do Guarujá, pelo PSol. É presidente da Associação Guarujá Viva, AGUAVIVA, e da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, Ferrofrente. Idealizador do Portal SOS PLANETA.
Fontes:
- The New York Times.
- The Guardian.
- Folha de São Paulo.
- O Estado de São Paulo.
- Brasil 247