*Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Pré-candidato a prefeito do Guarujá pelo PSol
A ascensão da extrema direita no contexto global é um fenômeno complexo e preocupante. Suas raízes se entrelaçam com as dinâmicas econômicas, políticas e sociais que moldam o mundo contemporâneo. Neste artigo, exploraremos alguns dos fatores que contribuem para esse fenômeno, buscando lançar luz sobre seus desafios e perspectivas futuras.
Globalização e Transformação Econômica: Desigualdades e Descontentamento
A globalização, com sua promessa de interconexão e prosperidade, gerou um paradoxo: ao mesmo tempo em que impulsionou o crescimento econômico em algumas regiões, como a China e a Índia, também resultou em desigualdades profundas. Países ocidentais, antes polos industriais, vivenciaram a desindustrialização e a perda de empregos, gerando estagnação salarial e um sentimento de declínio. Essa sensação de abandono e a frustração com a perda de status social e econômico criaram um terreno fértil para o discurso da extrema direita.
Ascensão Política da Extrema Direita: Explorando o Medo e a Nostalgia
A extrema direita se apresenta como resposta ao descontentamento social e econômico, capitalizando o sentimento de insatisfação e prometendo soluções simplistas para problemas complexos. Nacionalismo exacerbado, políticas anti-imigração e protecionismo econômico são pilares centrais de sua agenda. Ao invocar a nostalgia de um passado idealizado e explorar o medo do “outro”, a extrema direita busca construir uma narrativa que divide o mundo em “nós” e “eles”, alimentando a polarização e o antagonismo.
Impactos Econômicos e Sociais: Desigualdade e Competição Global
A intensificação da competição global, impulsionada pela globalização, gerou forte impacto no mercado de trabalho. A disponibilidade de mão de obra barata em países asiáticos pressionou os salários e as condições de trabalho no ocidente, alimentando o descontentamento entre os trabalhadores. Some-se a isso a crescente desigualdade econômica, onde o crescimento beneficia desproporcionalmente os mais ricos, e temos um cenário propício para a proliferação de discursos que exploram a frustração e a raiva.
Reconfiguração Política e Social: Alienação e Crise Migratória
O fechamento de fábricas, o desemprego e a percepção de abandono por parte das elites políticas e econômicas geraram um sentimento de alienação em parte da população ocidental. A extrema direita se aproveita dessa vulnerabilidade, oferecendo um discurso que culpa os imigrantes e as minorias pelos problemas sociais e econômicos. A crise migratória, intensificada por conflitos e instabilidades em diversas regiões do mundo, serve como combustível para a xenofobia e o racismo, que são explorados por esses grupos para angariar apoio.
Impacto da Tecnologia e Mídia: Desinformação e Eco Câmaras Digitais
As redes sociais, apesar de seu potencial democratizante, também se tornaram ferramentas para a disseminação de desinformação, teorias conspiratórias e discursos de ódio. A extrema direita se utiliza dessas plataformas para mobilizar apoiadores, disseminar sua agenda e desacreditar seus oponentes. As plataformas digitais, por sua vez, criam “eco câmaras” que reforçam crenças e percepções pré-existentes, dificultando o diálogo e a exposição a visões alternativas.
Resposta Econômica e Institucional: Neoliberalismo em Xeque e Demanda por Protecionismo
A adoção de políticas neoliberais, com ênfase na redução do papel do Estado e na liberalização do mercado, contribuiu para o aumento da desigualdade e da insatisfação popular. Isso gerou uma crise de confiança nas instituições e na capacidade da democracia liberal de atender às necessidades da maioria. Como resposta ao impacto da globalização, surge a demanda por políticas protecionistas, que visam proteger empregos e a economia nacional, em detrimento do livre comércio e da competição global.
Perspectivas Futuras: Reavaliação da Globalização e Fortalecimento da Democracia
Para enfrentar os desafios impostos pela ascensão da extrema direita, é necessário reavaliar a forma como a globalização vem sendo conduzida, buscando um modelo que concilie crescimento econômico com justiça social e redução da desigualdade. É fundamental fortalecer as instituições democráticas, promovendo a inclusão, a transparência e a responsabilidade, a fim de restaurar a confiança da população na capacidade dos governos de lidar com os desafios do mundo globalizado. Investimentos em educação e políticas de inclusão social são essenciais para combater o descontentamento que alimenta o extremismo. A educação, em especial, tem o poder de promover o pensamento crítico e a resiliência contra a propaganda extremista.
A ascensão da extrema direita é um fenômeno complexo e de triste memória. Compreender suas causas e buscar soluções que promovam a justiça, a inclusão e a sustentabilidade é fundamental para construirmos um futuro mais democrático e igualitário.
*José Manoel Ferreira Gonçalves é jornalista, cientista político, engenheiro, escritor e advogado. Pré-candidato a Prefeito do Guarujá pelo PSOL. É presidente da Associação Guarujá Viva, AGUAVIVA, e da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, Ferrofrente. Idealizador do Portal SOS PLANETA.
Fontes de dados:
Este artigo se baseia em pesquisas e análises de diversas fontes, incluindo: Relatórios de organizações internacionais como a ONU e o Banco Mundial; Artigos acadêmicos e livros sobre globalização, desigualdade e extremismo político; Análise de dados e estatísticas sobre tendências econômicas e sociais; Reportagens e artigos de veículos de mídia internacionais e nacionais.
