Com a palavra, o autor
No momento em que tem se acentuado o protagonismo das ferrovias para a mobilidade de pessoas e mercadorias no mundo, desenvolvo a presente pesquisa na qual proponho refletir aspectos importantes pertinentes ao setor, como forma de entender quais os fatores mais relevantes desse processo de integração dos caminhos de ferro ao setor de transportes no atual contexto. Nesse sentido, estabeleço vínculos entre poluição ambiental e transportes, como forma de ratificar a importância dos encontros sobre o clima (Conferência de Estocolmo, 1972; Eco 92, etc.) e o impacto que tiveram para uma maior mobilização em prol da integração das ferrovias aos sistemas de transportes mundiais.
Assim, energia, meio ambiente e transportes compõem o arcabouço teórico que embasa toda a pesquisa, considerando que são temáticas convergentes que devem ser pensadas sob uma perspectiva sustentável. Portanto, devem ser refletidas tanto de forma isolada, em como pode ser mensurado o papel de cada uma no enfrentamento dos problemas ambientais, como também podem ser pensadas de forma integrada, isto é, a contribuição conjunta para a solução do problema.
Outros aspectos que também constituem uma base sólida para fundamentar a pesquisa são infraestrutura, logística e tecnologia. Essas são, na verdade, questões relevantes que busco aprofundar, como forma de demonstrar sua importância para consolidar os projetos atuais de inserção dos caminhos de ferro nos sistemas de transportes. Isso ocorre porque dados da gênese das ferrovias revelam que os projetos iniciais não foram pensados a longo prazo, nem do ponto de vista temporal nem regional, o que impõe interferências em toda a infraestrutura, como forma de permitir a realização de projetos avançados de integração.
Por outro lado, a maior integração do setor ferroviário aos sistemas de transportes de pessoas e mercadorias não implica a supressão de outros modais, como o rodoviário, por exemplo, os quais devem
continuar acompanhando o ritmo de crescimento na mobilidade de pessoas e mercadorias. Contudo devem produzir maior equilíbrio para promover melhor distribuição da demanda global, que historicamente recaiu de forma excessiva sobre o modal rodoviário.
Como busco demonstrar na pesquisa, a expectativa ao promover uma melhor integração do sistema de transportes como um todo é de reversão nos níveis globais de geração de energia suja, pelo aumentar do uso do modal ferroviário que opera com energia limpa, e diminuição do uso do modal rodoviário que na sua maioria ainda opera com energia suja. É nesse sentido que infraestrutura, logística e tecnologia
são pensadas de forma conjunta, porque a partir da tecnologia é possível idealizar projetos logísticos mais inteligentes, a partir da configuração de infraestruturas mais dinâmicas e funcionais.
Consultei também relatórios internacionais como forma de ver a questão por uma perspectiva mais ampla, uma vez que os encontros sobre o clima agregaram todas as nações em torno do problema, porém cada uma, considerando suas características particulares, enfrenta o problema atuando em frentes diferentes. Fontes da IEA, da União Europeia, entre outras, foram bastante relevantes nesse sentido, uma vez que agregam dados internacionais válidos, autênticos, que permitem mensurar de que forma o enfrentamento do problema evolui.
